Projeto TransformAção: Há dez anos, cuidando da vida, da natureza e das pessoas

 

      Pelas ruas de Passo Fundo, mais de 1500 recicladores disputavam espaço com os veículos, em busca do sustento de suas famílias, quando, por meio da Campanha da Fraternidade, a Igreja Católica estimulava iniciativas para o enfrentamento dos desafios de preservar ou recuperar as condições de vida. Instigadas pela mobilização - iniciada, tradicionalmente, na quarta-feira de cinzas -, algumas das instituições religiosas do município uniram-se para fundar o Projeto TransformAção.

      Com o intuito de “Cuidar da vida, cuidar da natureza e cuidar das pessoas” – como evidencia seu slogan -, desde 2007, a iniciativa educa para convivência harmônica do ser humano com a natureza, propõe alternativas capazes de reduzir a exploração dos recursos naturais e promove emprego e renda, por meio de estratégias educativas, de participação na elaboração de políticas públicas e de estímulo e amparo à formação de associações e cooperativas.

      Dez anos após terem selado o acordo de colaboração, a Congregação dos Missionários da Sagrada Família, a Cáritas Arquidiocesana, a Congregação de Nossa Senhora, as Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora e a Congregação Missionária Redentorista reuniram-se, na sexta-feira (31), para celebrar a aliança. Seus representantes, acompanhados por autoridades municipais e beneficiados pelo TransformAção, participaram de solenidade de comemoração ao aniversário, na qual foi lançado o livro que retoma sua história: “Projeto TransformAção: 10 anos cuidando da vida, cuidando da natureza e cuidando das pessoas”

      Escrita a muitas mãos, como descreve o coordenador do Projeto, Volnei Fortuna, a obra retrata a tônica dessa década de atuação: a cooperação, enfatizando o propósito de emancipação, autonomia e cuidado com o qual, hoje, quatro grupos de recicladores são amparados e dois núcleos de oficinas educativas são mantidos.

      Assim como a publicação, a cerimônia festiva - realizada no Espaço Multiuso do Colégio Notre Dame, a partir das 19h - também teve o tom da nostalgia. O primeiro presidente do TransformAção, Luiz Costella, recordou a cronologia da fundação de cooperativas e do estabelecimento de parcerias com recicladores já organizados.

      Em apenas dois anos, desde a sua fundação, o Projeto já abraçava a Oficina de Papel Reciclado Vila Jardim, a Cooperativa de Trabalho Amigos do Meio Ambiente (COAMA), o TransformAção em Arte, a Cooperativa Mista de Produção e Trabalho dos Empreendedores Populares da Santa Marta (Cootraempo) e a Associação de Recicladores Esperança da Vitória (Arevi), além de idealizar a formação de uma cooperativa de reciclagem que atuaria junto ao aterro sanitário. “Fomos ao aterro para convencer os recicladores, que de lá retiravam os meios para sustentarem-se, a trabalhar em uma esteira de triagem de resíduos, para convencê-los de que, assim, teriam mais dignidade. 65 saíram do aterro, naquela ocasião”, contou, lembrando a fundação da Cooperativa de Trabalho dos Recicladores do Parque Bela Vista (Recibela).

      Desde então, afirma a recicladora Catarina da Rosa, é o Projeto TransformAção que luta, diariamente, para que os cooperados tenham condições dignas de trabalho. Não poderia ser diferente, considera o seu atual presidente, Irmão Moacir Filipin, visto que seu comprometimento é, também, com as pessoas. “Talvez, a alternativa proposta pelo Projeto não seja mais fácil ou a mais viável, mas, temos certeza, que é a mais econômica e socialmente correta”, afirmou.

      Ela, afinal, colabora com a construção do bem comum, na comunidade de Passo Fundo, por meio da educação e da promoção do desenvolvimento sustentável, como define o vice-prefeito, João Pedro Nunes. Tal reconhecimento é partilhado pelo Arcebispo da Arquidiocese de Passo Fundo, Dom Rodolfo Weber. “Um trabalho que persevera há dez anos tem motivações profundas, razões para continuar”, avaliou, recordando que a iniciativa vai ao encontro daquilo que o Papa Francisco defende, em sua Encíclica sobre o cuidado com a Casa Comum. “Que esse projeto continue sendo semente, fermento na massa e provoque as pessoas e as instituições a uma conversão ecológica”, concluiu.

      Após o pronunciamento das autoridades, com o intuito de festejar “os dez anos de conquistas e batalhas”, como descreve a cooperada da Arevi, Clair Sampaio, os representantes das instituições religiosas fundadoras do TransformAção partiram, juntos, o bolo de aniversário – saboreado pelos convidados após coquetel festivo.

 

Postado em 06/04/2017

 

 
 
Projeto TransformAção © 2015